Em uma aula sobre "Inteligência Artificial na Prática Clínica" que dei outro dia no NUTEDS -UFC, falo sobre a minha visão de prontuário eletrônico em um futuro próximo. Hoje vou escrever sobre isso aqui.
SISTEMAS DE APOIO A DECISÃO CLÍNICA
Os SADCs são sistemas que utilizam uma base de conhecimento aliada a algoritmos e que utilizando dados clínicos vão gerar recomendações específicas para o cada caso médico específico. Hoje já está disponível em muitos prontuários eletrônicos sistemas que por meio de protocolos e guidelines, ajudam na tomada de decisão do médico.
O que eu imagino que está por vir são sistemas que, baseados em em uma base de dados própria, associada a uma base de conhecimento, pudesse prever um desfecho para um paciente, em tempo real, e alertar o médico.
Por exemplo, o profissional de saúde está atendendo um paciente e registrando o atendimento, e recebe um alerta de que os sintomas apresentados como hiporexia e náuseas, associado a sinais como bradicardia e mucosas desidratadas, pode ser devido a intoxicação pela Digoxina que o paciente usa, tendo como causa a desidratação e a função renal já registrada em outro atendimento.
Esse tipo preditivo de Análise de Dados, pelo que eu questiono a quem entende e estuda os algoritmos, é muito difícil de ser posto em prática, pois seria baseado em uma análise não supervisionada. Análise de dados supervisionada é aquela onde são informadas as variáveis a serem buscadas assim como o desfecho esperado. Na análise de dados não supervisionada, são fornecidas somente as variáveis e baseado nos dados e as relações entre eles, os desfechos relevantes são descobertos.
WEARABLES
O uso de dispositivos vestíveis para a saúde já é muito comum. Algum deles já oferecem a API (Application Programming Interface - conjunto de rotinas que processa respostas seguindo padrões estabelecidos por um software ou web service) que os programadores usam para integrar esses dados a prontuários médicos, por exemplo (veja exemplos aqui).
Eu penso que logo a integração dos dispositivos médicos ao registros eletrônicos será bem mais simples, bastando o paciente fornecer um código do seu Apple Watch ou Nike Fuelband, ou mesmo glicosímetros, que seria inserido pelo médico no prontuários. Esses dados de saúde dos wearables seriam integrados em tempo real. Assim, curvas de PA ou glicemia estariam disponíveis nos prontuários eletrônicos a cada atendimento.
MÍDIAS SOCIAIS
Outra funcionalidade que vejo inserida em Prontuários eletrônicos são aos mídias sociais. O Twitter já é usado para análise de sentimento, detecção de epidemias. Algoritmos já detectam no Instagran sinais de depressão dos usuários com base em suas fotos postadas. Usando suas fotos postadas no Facebook, algoritmos descobrem quem o usuário ama, ou detecta sinais de inteligência usando sua foto de perfil.
Penso que pacientes autorizariam a vinculação de suas contas de mídias sociais ao prontuário eletrônico, fornecendo dados de Big Data para detecção de informação clinicamente relevante para o médico.
Desenvolvedores de Sistemas de Registro de Saúde que pensarem essas funcionalidades para seus produtos sairão na frente. O problema é que é muito mais rentável para as empresas desenvolvedores as funcionalidades voltadas para os gestores. São muito poucas as que pensam funcionalidades de análise de dados voltadas para quem atua na ponta, ou seja, o profissional de saúde.