12 de nov. de 2019

Colega Médico: como foi a Audiência Pública sobre a Telemedicina - Parte II


APRESENTAÇÕES

O Prof. Dr. Chao Lung Wen, chefe da Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e membro da Câmara Técnica de Informática em Saúde do Conselho Federal de Medicina, falou sobre quebra de paradigmas. Ele "não descarta que 10% (dos atendimentos) necessitem de atendimento presencial, mas há uma grande maioria (de pacientes) que são desassistidos". Alemanha, Reino Unido, Portugal e recentemente  a Colômbia estão publicando projetos de regulamentação da telessaúde. Estes países enxergam a telemedicina não como um substituto à medicina, mas como um braço para estender o atendimento e acelerar a forma de atendimento. Afirma que o Whatsapp não é telemedicina pois não é HIPAA complience. 
Apresentação do Prof. Dr. Chao Lung Wen
A Medicina associada a Telemedicina se torna a Medicina Conectada, com o propósito de melhorar o  fluxo da saúde e não apenas a substituição. Esclarece que a telemedicina não é uma ferramenta, mas um método. Existe uma diferença entre uma telechamada e a telemedicina. Nesta há uma propedêutica, com raciocínio investigativo, com registro das condutas. E como método de abordagem não presencial,  é necessário o ensino e aprendizagem nos cursos de graduação. 
Apresentação do Prof. Dr. Chao Lung Wen
Esclarece que telemedicina não é somente um computador e uma câmera, mas um conjunto de recursos como dermatoscópios, ECG e  transdutores para Ultrassonografia para smartphones e muito mais. 
Apresentação do Prof. Dr. Chao Lung Wen
Reforça a necessidade de um curso de no mínimo 80 horas na graduação, que foque principalmente nos aspectos éticos da telemedicina e almeja uma Ecossistema de Saúde Conectada como no slide abaixo.
Apresentação do Prof. Dr. Chao Lung Wen

A Dra Adriana da Silva e Sousa, representante do Ministério da Saúde, diretora do Departamento de Saúde Digital (DESD) da Secretaria Executiva do MS, falou sobre a recente criação do DESD, há 5 meses e suas diretrizes, como coordenar a implantação e a expansão de iniciativas nessa área que já existem dentro do sistema de saúde, como a telessaúde. Falou das prioridades- Apoio a a Regulação, Consultoria, Diagnóstico, Apoio a Inovação em Saúde e  Monitoramento. Na teleregulação há iniciativas como o Regula + Brasil, que tem omo objetivo de reduzir as filas de atendimento no SUS; teleconsultoria  síncrona ou assíncrona; telediagnóstico; emissão de laudos à distância; monitoramento as distância.  
Apresentação da Dra Adriana Sousa

INTERVENÇÕES

Dep. Flávia Morais, gestora, fala da necessidade dos médicos de se reinventar na telemedicina, com o objetivo de melhorar o acesso dos pacientes aos cuidados. Questiona sobre o que fazer para vencer as resistências e viabilizar a medicina conectada. 

Já o Dep. Dr Luiz Ovando, médico, ficou frustrado com as apresentações, que não abordaram o âmago do problema, a questão médica em si. Entende que a medicina intensiva, sua especialidade, baseia-se muito em observação dos parâmetros nos monitores e nas diretrizes de tratamento; a dermatologia é muito auxiliada na teledermatologia onde o equipamento aumenta a resolução da imagem muito mais que a lupa na beira do leito; na radiologia os laudos são feitos em casa; o mesmo com laudos de ECG. Mas quando não há o médico na ponta, só o médico na central, como fazer com um paciente pediátrico, onde a mãe terá que fazer a semiologia? Refere que não há médicos da família devido a superespecialização da medicina e assim a maioria dos casos são encaminhados da atenção básica para atenção secundária- uma falha na formação médica. Levanta brilhantemente a questão da resolução 2227 do CFM, que não foi discutida amplamente, e quando foi publicada,  as empresas médicas disponibilizaram rapidamente o serviço, mostrando que havia tendência (viés), e que a intenção era enriquecer financeiramente as empresas que já tinham essa situação na mão. Alerta ainda que é necessário experiência, e que quem estará atrás da tela do computador provavelmente é o médico jovem. 

A Dep. Dra. Soraya Manato, ultrassonografista, que não assistiu as apresentações, preocupa-se com médicos, que atualmente, não querem tocar nos pacientes, não examinam e pedem exames complementares. Questiona a formação médica atual, baseada na propedêutica. Acha que a telemedicina vai acabar com a carreira médica, sendo substituídos por enfermeiros e posteriormente pela máquina. 

O Dep. Dr. Jaziel, ginecologista e obstetra, relata que a tecnologia agrega, mas temos que temos observar a motivação por trás da regulamentação da telemedicina. Afirma que a telemedicina irá auxiliar muito no contexto do diagnóstico. 

No próximo post, às 21:00, coloco minhas observações pessoais.

Parte I e Parte III 

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