28 de jun. de 2010

Medicina do futuro ou do presente?

por Rogério Eduardo Sarmento-Leite

A evolução da medicina é fascinante, envolvendo todas as especialidades que passam por uma revolução. Com a explosão da tecnologia e expansão do conhecimento, importantes avanços estão sendo vividos. Fármacos, dispositivos, próteses, métodos de imagem e novas intervenções têm sido criados, testados e incorporados. Todavia, muitas outras novidades estão por vir. Da simples consulta ambulatorial até o complexo transplante de um órgão, existem profissionais capacitados a desempenhar atividades com dedicação e na busca da excelência. Observa-se aumento na expectativa e na qualidade de vida, além do manejo de enfermidades outrora consideradas sem tratamento. Paradoxalmente, inúmeros indivíduos são excluídos desse prêmio, por motivos econômicos ou geopolíticos.

A futurologia apresenta possibilidades de erros. Entretanto, dentro dos limites éticos e morais, o presente demonstra que os melhores resultados estão no desenvolvimento de técnicas menos invasivas e em equipes multidisciplinares responsáveis pela assistência. Uma estreita ligação com a ciência básica e sintonia com as áreas administrativas são essenciais. O racional gerenciamento dos recursos financeiros é vital. Os altos custos da medicina de ponta, em algumas situações, inviabilizam um melhor atendimento assistencial. Os governos e as associações médicas deverão regulamentar as ações. Novas vacinas estão surgindo. Doenças crônicas já têm alternativas terapêuticas aprimoradas. O diagnóstico por imagem aumentou a resolução e a precocidade de detecção ficando cada vez menos agressivo e mais elucidativo. Cirurgias de grande porte são substituídas por procedimentos minimamente invasivos e de maior simplicidade, diminuindo o tempo de internação hospitalar e a morbimortalidade. Patologias ditas incuráveis e pacientes classificados como terminais apresentam perspectivas de salvação. Medicamentos eficazes estão tornando confortáveis os tratamentos. A informática difundiu o conhecimento e está facilitando comunicações e armazenamento de informações. A genética, as terapias celular e hormonal e os procedimentos por cateter seguem promissores, a permitir um sem-número de atos preventivos e terapêuticos. A eternidade, porém, não foi nem será alcançada e estou convicto de que a clonagem jamais substituirá o indivíduo. Tampouco há de desaparecer o lado humano do “velho médico”: ouvidos e estetoscópio continuarão a escutar e auscultar coisas que só a experiência e o relacionamento ensinam e são indispensáveis. Contudo, cuidados e prevenção seguem imprescindíveis para a preservação da saúde. As novas tendências nos remetem para o progresso, com mudança de padrões. Todavia, muitas questões deverão ainda ser elucidadas. A ciência de alta tecnologia e a medicina baseada em evidências, trarão outros questionamentos, mais respostas, descobertas e, certamente, melhores soluções.

Será a medicina do futuro ou já é a do presente?

*MÉDICO CARDIOLOGISTA, PESQUISADOR E PROFESSOR DE PÓS-GRADUAÇÃO
Fonte: Jornal Zero Hora

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