25 de set. de 2013

Desafios da Atenção Básica: o que não sai na imprensa

Vendo uma apresentação do Diretor da Atenção Básica do Ministério da Saúde, Hêider Aurélio Pinto, fico incomodada com a visão que os gestores tem internamente dos processos e o que é passado para a imprensa e a população.

Na própria visão do Diretor, o que a classe médica vem falando é evidente nos slides abaixo, mas quando a situação é exposta à imprensa, a ênfase dos problemas é colocada na classe médica, que não deseja trabalhar no PSF.


  •  As condições inadequadas de trabalho são assumidas pelo MS, assim como o baixo investimento nos trabalhadores. É só ver os posts no twitter e facebook, onde nós temos voz, que a situação acima fica evidente.
  • Direitos e condições de trabalho, assim como carreira e fixação inexistem na programa Mais Médicos. Apoio dado a equipe pela gestão: só quem trabalha no serviço público de saúde sabe que a única variável importante é o número de atendimentos, sem importar a qualidade dos mesmos. Antes um médico que atenda 60 em um plantão de 12 horas do que outro que assista aos pacientes de maneira digna, ou seja, com 15 minutos para cada paciente, em um total de 35 pacientes, fora as reavaliações.
  • SGTES: Secretaria de Gestão do trabalho e da educação em Saúde. No site do MS as atribuições dessa secretaria são educação continuada e desenvolvimento profissional do servidor do SUS, assim como desprecarização do trabalho. Sinceramente, eu trabalho há 18 anos com SUS e em mim, absolutamente nada foi investido, inclusive para obter uma liberação para congresso é um "parto".

 "A Gestão do Trabalho em Saúde trata das relações de trabalho a partir de uma concepção na qual a participação do trabalhador é fundamental para a efetividade e eficiência do Sistema Único de Saúde. Dessa forma, o trabalhador é percebido como sujeito e agente transformador de seu ambiente e não apenas um mero recurso humano realizador de tarefas previamente estabelecidas pela administração local. " só na teoria pois nós, a ponta do serviço, nunca vimos nem sinal dessa premissa.

  • PET-SAÚDE ( educação pelo trabalho e disponibiliza bolsas para tutores, preceptores (profissionais dos serviços) e estudantes de graduação da área da saúde), PRO-SAÚDE (Programa Nacional de Reorientação da Formação profissional edm saúde), PRO-RESIDÊNCIA ( nova modalidade de financiamento de Residências Médicas, Multiprofissionais e em Área Profissional da Saúde), FIES, PROVAB e MAIS MÉDICOS: conheço só o PROVAB e o MAIS MÉDICOS, e acho que nenhum dos dois investe no profissional. Investir em programas de residência médica em Medicina Comunitária, para formar profissionais para trabalhar na Atenção Básica, ou na Carreira Federal dos Médicos, não é medida populista e não traz votos.
  • A estratégia da Saúde da Família retirou os especialistas da Atenção Básica - pediatras e genecologistas - e intutuiu o Médico de Saúde da Família. Conheço alguns excelentes médicos da família, mas a grande maioria é recém-formados no primeiro emprego, só enquanto não conseguem passar na residência médica.  Eu levo minha filha no Pediatra e acho que meus pacientes do SUS devam ter o mesmo direito de consultar-se com especialistas na atenção básica quanto eu.
  • Sobre o PMAQ, falarei posteriormente, quando um médico da saúde da família me concederá uma entrevista mostrando os problemas dessa avaliação e de como é feita (exérese de unha na UBS? Drenagem de abscesso?? Como assim?)
E você? Trabalhador do SUS, deixe sua crítica nos comentários.

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