Continuando com os posts sobre a pesquisa TIC Saúde (CETIC.br*) que mede o estágio de adoção das TIC (tecnologias de informação e comunicação) nos estabelecimentos de saúde brasileiros e sua apropriação pelos profissionais do setor, hoje abordarei os estabelecimentos de saúde e a informatização disponível.
94% dos estabelecimentos de saúde utilizaram computador nos últimos 12 meses. Esse dado vem contribuir para o entendimento que as instituições tem investido em infraestrutura para informatização da atenção à saúde, mesmo que essa infraestrutura não seja adequada ou seja precária.
Com relação ao tipo de suporte de registro do prontuário do paciente, se eletrônico ou em papel, a diferença entre estabelecimentos públicos ou privados foi digna de destaque. Enquanto 35% dos estabelecimentos privados de saúde já usam registros totalmente eletrônicos, somente 9% dos públicos os tem. A maioria dos estabelecimentos 49% públicos e 53% privados, utilizam registros estão parte em papel e parte em forma eletrônica, no entanto resta saber de estão em fase de implantação ou se alguns dados são eletrônicos - como registro de pacientes - e outros como prontuário do paciente são em papel, como na UPA de Belo Horizonte onde trabalho. 42% dos estabelecimentos públicos utilizam somente papel para registro em saúde contra 12% dos estabelecimentos privados.
Quanto à estrutura e funcionalidades do registro eletrônico em saúde, podemos inferir com base nos dados abaixo, que a maioria dos registros eletrônicos dispõe somente de dados cadastrais, com menos de 50% deles possuindo dados básicos como histórico do paciente, medicamentos e dados vitais. Na minha visão, pelos menos metade deles não são nem sequer considerados prontuário de pacientes, mas simples registros eletrônicos de cadastros.
O mesmo pode-se dizer das funcionalidades pesquisadas como agendamento de consultas, pedir exames laboratoriais, prescrever medicamentos e fornecer resumo da alta: menos de 50% dos estabelecimentos fazem o mínimo necessário para um prontuário com suporte eletrônico.
Gráfico 1 | Gráfico 2 |
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A atual situação brasileira de informatização do registro de saúde do paciente é incipiente, apesar de estarmos caminhando para tal realidade. A qualidade dos prontuários ainda deixa bastante a desejar e nesse ponto venho reafirmar meu apoio ao processo de certificação da SBIS/CFM dos registros eletrônicos em saúde.
Justifico meu ponto de vista neste outro post para quem quiser saber mais:
*Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br) é o departamento do NIC.br responsável pela coordenação e publicação de pesquisas sobre a disponibilidade e uso da Internet no Brasil. Esses estudos são referência para a elaboração de políticas públicas que garantam o acesso da população às Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), assim como para monitorar e avaliar o impacto socioeconômico das TICs.
Panorama atual do uso de tecnologias (Prontuários Eletrônicos) por médicos - Parte II é um post original do TI Medicina. Quando copiá-lo ou citá-lo, adicionar os devidos créditos.