Por Luciana Alves
O
cracker[1] não mora ao lado. Mora na
App Store mais próxima de você.
Depois
de um namoro bastante rápido vocês assinarão um termo de compromisso o qual
pressupõe a manutenção dos laços de confidencialidade e privacidade de
informações. Poderão compartilhar apps para momentos de alegria e tristeza, para
lidar com a saúde e procurar lhe ajudar nos momentos de doença, até que uma
desinstalação do app os separe. Pelo menos é o que se espera, a esta altura do
relacionamento.
A preocupação em se garantir a segurança da
informação de dados em saúde, a partir da validação da certificação do Nível de
Garantia de Segurança (NGS1 e NGS2) de prontuários eletrônicos, é uma prática
que está se consolidado a partir das ações da Sociedade Brasileira de
Informática em Saúde (SBIS).
Vulnerabilidades
advindas da ausência de uma regulamentação para a garantia da qualidade da
segurança das informações coletadas por aplicativos cujas funcionalidades são
direcionadas à área da saúde, disponibilizados para as plataformas móveis, são
um risco para milhares de usuários.
Iniciativas
como a do Food and Drug Administration
(FDA) e Open Web Application Security
Project (OWASP) demonstram a importância de se discutir mundialmente os
caminhos para garantia da segurança da informação a partir de aplicações para dispositivos
móveis.
E
o que se observa é que esta é apenas a ponta do iceberg. Você tem algum
aplicativo instalado em seu dispositivo móvel? Sério? Então você faz parte de
uma pequena parcela da população mundial que só na Apple Store baixou 50
bilhões de aplicativos até o dia 16 de maio deste ano?
Então
calcule suas chances de ser crackeado, baseado nos resultados da pesquisa da Arxan
Technologies (2012)[2]
que demonstram que, dos 100 aplicativos pagos mais baixados em cada uma das
principais App Stores (Android e Apple iOS), de várias categorias, incluindo
“Saúde”, mais de 90% deles têm sido crackeados (92% dos para Apple iOS e 100%
daqueles para Android). Dos gratuitos este percentual alcança 40% para Apple
iOS e 80% para Android. E aí qual o resultado do cálculo de probabilidades?
Um
romance como este pode resistir a uma traição cracker?
[1]
Cracker: Termo cunhado
por hackers, indivíduos com grande habilidade em programação, para designar
aqueles cujo conhecimento nesta área é utilizado para fins de quebra de sistemas
de segurança de forma ilegal, para coletar informações não autorizadas, como
por exemplo, senhas de bancos, entre outras. Sua ação consiste no cracking.
[2] Arxan Technologies. State of
Security in the App Economy: “Mobile Apps Under Attack”. 2012. Download
Luciana Alves é Neuropsicóloga, Mestre e Doutora em Ciências da Saúde, e faz Residência Pós-doutoral no Instituto de Ciências Biológicas - UFMG, com temática relacionada à Infoveillance & Infodemiology, junto ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Dengue. Ministra curso com temática relacionada com Informática em Saúde, coordena, como colaboradora, uma linha de pesquisa em Mobilidade em Saúde e Segurança da informação no np-Infosaude – UFMG. Fundou e Lidera uma atividade de cunho social denominada PACEMAKERusers.com, e é CEO - Chief Executive Officer na Bionics Health and Technology.
Nenhum comentário:
Postar um comentário