22 de mai. de 2013

Casamento perfeito: segurança e confidencialidade, e aplicações móveis em saúde



Por Luciana Alves

O cracker[1] não mora ao lado. Mora na App Store mais próxima de você.

Depois de um namoro bastante rápido vocês assinarão um termo de compromisso o qual pressupõe a manutenção dos laços de confidencialidade e privacidade de informações. Poderão compartilhar apps para momentos de alegria e tristeza, para lidar com a saúde e procurar lhe ajudar nos momentos de doença, até que uma desinstalação do app os separe. Pelo menos é o que se espera, a esta altura do relacionamento.

A preocupação em se garantir a segurança da informação de dados em saúde, a partir da validação da certificação do Nível de Garantia de Segurança (NGS1 e NGS2) de prontuários eletrônicos, é uma prática que está se consolidado a partir das ações da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS). 

Vulnerabilidades advindas da ausência de uma regulamentação para a garantia da qualidade da segurança das informações coletadas por aplicativos cujas funcionalidades são direcionadas à área da saúde, disponibilizados para as plataformas móveis, são um risco para milhares de usuários.


Iniciativas como a do Food and Drug Administration (FDA) e Open Web Application Security Project (OWASP) demonstram a importância de se discutir mundialmente os caminhos para garantia da segurança da informação a partir de aplicações para dispositivos móveis.

E o que se observa é que esta é apenas a ponta do iceberg. Você tem algum aplicativo instalado em seu dispositivo móvel? Sério? Então você faz parte de uma pequena parcela da população mundial que só na Apple Store baixou 50 bilhões de aplicativos até o dia 16 de maio deste ano?

Então calcule suas chances de ser crackeado, baseado nos resultados da pesquisa da Arxan Technologies (2012)[2] que demonstram que, dos 100 aplicativos pagos mais baixados em cada uma das principais App Stores (Android e Apple iOS), de várias categorias, incluindo “Saúde”, mais de 90% deles têm sido crackeados (92% dos para Apple iOS e 100% daqueles para Android). Dos gratuitos este percentual alcança 40% para Apple iOS e 80% para Android. E aí qual o resultado do cálculo de probabilidades?
Um romance como este pode resistir a uma traição cracker?





[1] Cracker: Termo cunhado por hackers, indivíduos com grande habilidade em programação, para designar aqueles cujo conhecimento nesta área é utilizado para fins de quebra de sistemas de segurança de forma ilegal, para coletar informações não autorizadas, como por exemplo, senhas de bancos, entre outras. Sua ação consiste no cracking.
[2] Arxan Technologies. State of Security in the App Economy: “Mobile Apps Under Attack”. 2012. Download


Luciana Alves é Neuropsicóloga, Mestre e Doutora em Ciências da Saúde, e faz Residência Pós-doutoral no Instituto de Ciências Biológicas - UFMG, com temática relacionada à Infoveillance & Infodemiology, junto ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Dengue. Ministra curso com temática relacionada com Informática em Saúde, coordena, como colaboradora, uma linha de pesquisa em Mobilidade em Saúde e Segurança da informação no np-Infosaude – UFMG. Fundou e Lidera uma atividade de cunho social denominada PACEMAKERusers.com, e é CEO - Chief Executive Officer na  Bionics Health and Technology.
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