A conferência de abertura do CBIS'14 foi marcada por uma avaliação crítica da situação atual da Informática em Saúde em relação ao meio acadêmico de pesquisa e desenvolvimento e sua relação com as empresas de Tecnologias da Informação e comunicação em Saúde. Dr. Edward Shortliffe, que desenvolveu um dos primeiros sistemas especialistas de apoio à decisão, o MYCIN em 1974 em Stanford, proferiu a palestra.
Dr. Shortliffe deu ênfase à quão pouco as companhias de TICS investem recursos financeiros em pesquisa e desenvolvimento em centros acadêmicos ligados a informática em saúde e afirmou a necessidade de investimento em parcerias que envolvam os centros médicos, as universidades e as empresas de TICS.
Afirmando que a demanda por produtos da Informática em Saúde atualmente é muito alta, sugeriu alguns pontos que precisam ser revistos e aprimorados. As oportunidades de treinamento devem ser diversificadas, com programas de formação ainda tão raros no nosso país em Informática em Saúde, assim como a presença desse conteúdo nos cursos de medicina. Outro ponto a ser aprimorado foi o de mestrados aplicados online, com opções realistas para profissionais de saúde. Estes mestrados teriam ênfase na prática e não só na pesquisa científica.
A sugestão de incorporação da Informática em Saúde em subespecialidade médica já é uma realidade nos EUA desde 2013. A American Board of Medical Specialities concedeu certificado de especialidade a mais de 450 médicos em Clinical Informatics em 2013 e mais de 400 em 2014. No momento há mais de 900 médicos especialistas na área nos EUA, além de vários programas de fellowship sendo desenvolvidos. O reconhecimento formal da especialidade é um dos passos para a integração das disciplinas no currículo médico.
Outro ponto muito interessante abordado foi a deficiência de profissionais líderes no setor no Brasil e a necessidade de formação dos mesmos.
Nesses muitos anos do blog TI Medicina tenho tentado aproximar a Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde (TICS) da comunidade médica, mas vejo o quanto é difícil e ainda escassa a formação oferecida na área, principalmente para profissionais, que como eu, encontram-se afastados no cotidiano, dos centros acadêmicos.
Avaliações, como a do Dr. Edward Shortliffe, são extremamente oportunas, e mostram que a generosidade com o compartilhamento de conhecimento na área da Informática em Saúde no Brasil ainda é incipiente.
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