A Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês) anunciou nesta terça-feira (29) em Tóquio que vai iniciar em 2010 testes clínicos em humanos com um “novo e promissor” medicamento contra a doença de Chagas. Segundo a entidade, o lançamento é o lance mais significativo na luta contra a doença em quatro décadas.
Há quase 40 anos foram descobertos os dois únicos medicamentos disponíveis contra Chagas. O problema é que eles não são administrados na fase crônica da doença, nem são muito eficazes. Entretanto, mais de 90% dos pacientes só descobrem que sofrem de Chagas já nessa fase crônica. O objetivo do novo tratamento é justamente atuar com mais eficácia na fase crônica da doença, em especial entre pacientes adultos.
Transmitida pela picada do barbeiro, a doença de Chagas é uma doença infecciosa fatal. No Brasil há 3 milhões de pessoas com a enfermidade. Na América Latina e Caribe a doença é endêmica em 21 países. São cerca de 8 milhões de pessoas infectadas, com cerca de 14 mil mortes por ano.
Imagem: Rubem Figueiredo
Trypanosoma cruzi na corrente sangüínea visto ao microscópio eletrônico
A doença de Chagas mata mais pessoas na região do que qualquer outra doença parasitária, incluindo malária. Sem diagnóstico e tratamento adequados, 1 em cada 3 pacientes desenvolve a forma fatal da doença com o crescimento do coração. Com frequência, os pacientes precisam de marcapassos, desfibriladores e, em alguns casos, de transplante de coração. Mas muitos morrem subitamente – sem saber que estavam infectados.Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de casos diagnosticados vem crescendo nos últimos anos por causa da migração populacional e da inclusão de novas áreas de transmissão até então não endêmicas como Austrália, Estados Unidos, Canadá, Japão e Europa.
A “globalização” da doença está relacionada a outros tipos de transmissão como a transfusão de sangue, a transmissão congênita e o transplante de órgão.
O novo remédio é o E1224, uma “pró-droga” do ravuconazol – quando entra no organismo, o E1224 se transforma no antifúngico, que tem demonstrado in vitro e in vivo ter uma atividade potente contra o parasita responsável pela doença. Ele foi desenvolvido pela Eisai, uma empresa farmacêutica japonesa.(Leia mais em G1)
Estudo aponta possibilidade de quimioterapia natural para doença de Chagas
Derivados de substâncias extraídas de uma planta nativa do Brasil podem ser eficientes contra o Trypanosoma cruzi, parasito causador da doença de Chagas. A descoberta, realizada por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC),constatou a suscetibilidade do parasito a compostos oriundos de substâncias isoladas a partir desta espécie botânica. A doença de Chagas é endêmica no Brasil, não tem cura ou vacina e atinge cerca de cinco milhões de brasileiros segundo dados do Ministério da Saúde.
A equipe do setor de Quimioterapia Experimental do Laboratório de Ultra-Estrutura e Biologia Celular do IOC, liderada por Solange de Castro, testou três compostos derivados de naftoquinonas. A análise do mecanismo de ação dos compostos indicou que estas substâncias agem sobre estruturas específicas do protozoário - mitocôndria, reservosomos e DNA nuclear. “Os compostos mostraram-se ativos sobre as três formas evolutivas do parasito e apresentaram baixa toxicidade às células hospedeiras”, afirma o pesquisador Rubem Figueiredo Sadok Menna Barreto, que acaba de apresentar o estudo como sua tese de mestrado.
Leia mais em Informe Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz
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