30 de mar. de 2010

Hospital de Londres oferece tratamento para viciados em tecnologia

A terapia visa atender jovens que passam muitas horas por dia online

Um hospital de Londres está oferecendo um tratamento personalizado para os viciados em tecnologia.

O programa, que dura cerca de 28 dias, visa atender jovens que passam muitas horas por dia jogando games por computador ou em sites de relacionamento.

De acordo com o criador do tratamento, Richard Graham, quando privados de seus jogos ou sites, estes jovens ficam “cronicamente agitados e irritáveis”.

Graham disse à BBC que o tratamento não tem o objetivo afastar completamente o paciente da tecnologia.

“Não é realista impor um programa de abstinência (de tecnologia)”, afirmou.

O médico afirma que o que o motivou a criar o tratamento foi a preocupação com as características “compulsivas e viciantes” dos jogos, redes sociais e telefones celulares.


“A preocupação (dos pacientes) em acessar sites e responder a mensagens é tão forte que vira prioridade… e pode ter impacto em outras áreas da vida, prejudicando a habilidade destes jovens de participar de outras atividades”, disse.
Por enquanto, o tratamento está disponível apenas para pacientes do sistema privado de saúde no hospital Capio Nightingale, onde Graham trabalha.


Três fases

O tratamento criado por Graham tem três fases. A inicial começa com psicoterapia, que tem o objetivo de tratar os problemas do paciente com relacionamentos pessoais.

O próximo estágio é desfazer o relacionamento destes pacientes com a tecnologia e encorajá-los a desligar seus aparelhos. Finalmente, eles são encorajados a participar de exercícios físicos e atividades com a família e amigos.

A clínica de Graham não tem presença online fora do site do hospital. Mas os visitantes da página podem fazer testes online para medir o nível de vício em tecnologia, respondendo questões sobre seus hábitos online.

“Qualquer terapia deve tratar de controle do comportamento”, afirmou Mark Griffiths, professor em estudos sobre jogos e apostas na Universidade de Nottingham Trent, na Grã-Bretanha. “Você não pode evitar a internet, não pode evitar a tecnologia.”

Jogos e apostas online

Para Mark Griffiths, os jogos online representam um perigo maior do que os videogames.

“O número de verdadeiros viciados em tecnologia é relativamente baixo, mas pode aumentar com os games online que, ao contrário dos videogames, nunca param”, afirmou.

“A maioria dos comportamentos ligados ao vício tem seu auge durante a juventude e maior probabilidade de ocorrer entre homens. Mas a internet é neutra em termos de gênero. Mulheres podem não ir até uma casa de apostas real, por exemplo, mas você pode fazer o que quiser online.”

Outras clínicas de tratamento de viciados em apostas online já apareceram no sudeste da Ásia, por exemplo, onde grandes quantidades de dinheiro gasto no mundo virtual causam problemas graves na vida dos viciados.

Um exemplo recente de vício na vida online foi o do casal da Coreia do Sul que deixou o bebê morrer de fome enquanto jogavam. O casal teria ficado obcecado em criar uma menina virtual chamada Anima, no popular jogo Prius Online.

Zoe Kleinman/BBC

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